19 de setembro de 2015

Risco! no caminho | Projeto Coletive-se

A tradição de grupos artísticos faz parte da história da arte pernambucana. Uma memória que nunca se perdeu e têm, nos últimos tempos, se expandido. Os coletivos são formados por pessoas que se reúnem periodicamente de modo informal, ou formal, para vivenciar e compartilhar saberes no campo da arte. A partir do entendimento deste percurso histórico a Ação Educativa da Galeria Janete Costa, através de seus educadores, criou o projeto Coletive-se. O projeto convida coletivos artísticos, das mais variadas linguagens, para realizar intervenções na Galeria, e, ocasionalmente na extensão do Parque Dona Lindu, com a intenção de ampliar o repertório dos visitantes por meio de ação educativa, possibilitando espaço de fruição e entendimento da diversidade da produção contemporânea.

Em sua próxima edição o Coletive-se recebe o grupo Risco! O grupo, em atuação desde 2013, propõe a investigação, o exercício e a sistematização de processos criativos relacionados à expressão gráfica, através da prática conjunta e cotidiana que agrega diferentes sujeitos do campo gráfico (desenhistas, modelos, pensadores do desenho). Nesta edição, o público é convidado a se juntar ao grupo Risco! para experimentar o desenho de observação. Oito modelos irão interagir na mostra individual em cartaz na Galeria “Caminho da Pedra”, do artista plástico Demétrio Albuquerque. Será disponibilizado material de desenho para o público interessado em participar da intervenção. A ação propõe ainda, a realização de uma mostra relâmpago dos desenhos produzidos pelos participantes interessados a partir de uma breve curadoria conjunta ao final da ação.

O Risco! promove encontros semanais voltados para a prática experimental de desenho de modelo vivo sempre às segundas-feiras no sexto andar do Edifício Pernambuco.
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Serviço: RISCO! NO CAMINHO - PROJETO COLETIVE-SE
Dia 26 de Setembro de 2015 | 16h às 18h
Galeria Janete Costa - Parque Dona Lindu. Av. Boa Viagem, s/n. Recife
Tel.: 81 3355-9832
Entrada gratuita
Sobre a classificação etária: Na área do mezanino da Galeria a ação transcorrerá com presença do nu artístico. Dessa forma, menores de 18 anos só poderão acessar este espaço com acompanhante responsável maior de idade

// Risco! // Caminho da Pedra // Coletive-se // Galeria Janete Costa //

Modelos participantes: Bia Rodrigues, Brenda Bazante, Cássio Bomfim, Danilo Galvão, Germano Rabello, Linda de Morrir, Thiago Merces e Vi Brasil
Coordenação Risco!: Bruna Rafaella Ferrer
Exposição Caminho da Pedra: Demetrio Albuquerque. Participação Katia Fugita
 

Galeria Janete Costa
Direção: Joana D'Arc de Sousa Lima
Coordenação de produção: Carol Chaves Madureira
Assistência de produção: Daniel Guimarães
Coordenação educativa: Carlito Person
Educativo: Briza Moraes, Ellis Albuquerque, Guilherme Kokeny, Hélder Freitas, Jamilly Alves e Rafaela Santos
Assistente administrativo: Gustavo Jungmann
Portaria: Gustavo Nascimento


Guia Comum do Centro do Recife - Vídeo


5 de julho de 2015

Guia Comum do Centro do Recife


 
RECIFE COMUM

Todo território é subjetivo, já que foi submetido a linhas imaginadas pelo homem. Todo território é também insuficiente, ainda que sonhe e se declare completo. Dentro de uma tradição de guias poéticos da capital pernambucana se insere o Guia Comum do Centro do Recife. Um meio-termo entre a utopia e a prática num microcosmo que tem sofrido, nas últimas décadas, com políticas públicas e arquitetônicas de destruição e de invisibilidade. Em cerca de um ano de pesquisa voltada para questão do processo de modificação da paisagem urbana do Recife, o projeto se desdobra em um trabalho colaborativo reunindo ilustradores, cinéfilos, moradores, comerciantes, urbanistas, músicos e flâneurs contemporâneos para o levantamento de cerca de quarenta lugares e situações de resistência no centro da cidade. No Guia, o centro como um invisível diário, torna-se um cartão postal a ser descoberto. Mapeando algumas ruínas no centro temos a idílica pretensão de propor um re-encanto entre este espaço e as pessoas que nele trafegam, usam e coabitam.
 
Lançamento e distribuição gratuita em breve
 
 

Arqueologia do presente & Revista Outros Críticos #7

"“Revirar escombros” é uma boa metáfora para inaugurarmos o ano II da revista Outros Críticos, tendo como tema "Ruínas e Cultura". O que realizamos como “crítica” é atravessado por contradições, divergências, rupturas, discursos, defesas, linguagens e modos distintos de usar a palavra. Portanto, estamos sobre e sob os escombros, ora escavando ora escavado. A própria existência de uma revista impressa sobre crítica cultural exige essa dupla ação. Somos nós mesmos ruínas e cultura. Estamos em Pernambuco e é muito importante enxergar os sons ao redor. Escutar já não nos parece mais o bastante. Nesta edição, um “Território movediço das linguagens” é invocado por Jomard Muniz de Britto em seu ensaio sobre as ruínas do pensamento. Espaços culturais, gêneros musicais, sons urbanos e afetivos, e o jornalismo — esse mesmo revirado sobre seus escombros — foram os textos produzidos pela equipe principal da revista em torno do tema. O maestro Spok nos recebe para uma entrevista e é provocado a pensar sobre o frevo e o seu lugar de ruína e tradição. Com ele, empreendemos importante diálogo. Em crítica de boteco, no imenso vazio do Pátio de São Pedro, as várias rotas traçadas pela artista visual convidada Bruna Rafaella Ferrer e pelo jornalista Renato Lins nos puseram também a refletir sobre os escombros revirados por nós mesmos. “a pele dos prédios descama cotidianamente/ e o sol retorcido das pixações faz carinho no lodo.”, nos ilumina o poeta josé juva a perscrutar para além do que é visível.
Boa leitura."




"Artista Convidada
Bruna Rafaella Ferrer é artista visual e pesquisadora. Doutoranda em Design (UFPE), mestre em Artes Visuais (FASM-SP) e licenciada em Artes Plásticas (UFPE). Desde 2006, participa de exposições de artes visuais como artista, como idealizadora e curadora de projetos e coordenadora educativa. Na pesquisa artística dá ênfase a duas frentes de trabalho, uma ligada à linguagem do desenho, no qual investiga a dimensão sensorial formal do desenho dentro da noção de campo ampliado; e outra ligada à proposição de operações artísticas enquanto apropriação das ruínas da vida cotidiana urbana, por meio de exposições, performances, produção acadêmica e outros projetos. Fez parte de alguns coletivos de artistas de Pernambuco, como o branco do olho. Tem experiência na área de cinema e vídeo; com restauração de bens culturais móveis e imóveis; com arte- educação em espaços culturais e como assistente e produtora em galeria comercial de artes. As obras e registros da criação da artista estão presentes, além da capa desta edição, nas seções ensaio, artigo e opinião. Os leitores também podem conhecer um pouco mais sobre Ferrer na seção crítica de boteco, na qual ela debate sobre o tema da ruína em sua produção artística, entre outras abordagens."


29 de dezembro de 2014

Segunda impressão | Projeto Basculante Museu do Homem do Nordeste

Instalação do desenho "Segunda impressão" na entrada do Museu do Homem do Nordeste

O que resta da experiência que acumulamos ao longo do tempo (com lugares e objetos que conhecemos) são marcas, sinais, vestígios, e o desaparecimento dessas instâncias residuais criam lacunas em nosso repertório, imagens que oscilam entre uma vaga lembrança e o absoluto esquecimento

O projeto de intervenção gráfica SEGUNDA IMPRESSÃO – Projeto Basculante acontece como desdobramento de uma pesquisa mais ampla iniciada em 2006, chamada “Arqueologia do presente”, que tem como objetivo trabalhar diversas marcas residuais dos centros urbanos contemporâneos enquanto vivência e fonte de memória.
O interesse gráfico da pesquisa acontece desde a primeira série de trabalhos produzidos, quando objetos de metal ornamentais encontrados em portões, janelas e grades em geral são apropriados na gravura enquanto linguagem particularizada. Com técnicas de carimbo e de frotagge[1] extrai-se cópias desses objetos ornamentais de metal sobre tecido. Estas cópias são feitas ora transferindo a ferrugem destes objetos para tecido, ora revelando uma imagem a partir do depósito de tinta sobre os objetos em contato direto com tecido; mais recentemente, a produção dessas gravuras acontece pela técnica de frottage, com uso de bastão de grafite marcando os altos/baixos relevos das superfícies/matrizes texturizadas.

Dessa forma,  opera-se um tipo de rematerialização (estética) no emprego de materiais encontrados em centros urbanos, conhecendo a cidade de forma diversa de seu caráter meramente usual. Estes objetos são encontrados e selecionados de forma a evidenciar tanto as heranças modernas da arquitetura da cidade, que chama atenção pelo contraste de sua forma heterogênea, onde elementos modernos e contemporâneos convivem com elementos tradicionais de construção (por exemplo, inspirados no neoclassicismo francês).



[1] Técnica gráfica utilizada na arte e na arqueologia como método de captura de imagem. Frottage (do francês "frotter", em português "friccionar") foi um método bastante usado pelos artistas surrealistas, pelo seu aspecto "automático" de produção gráfica. No frottage o artista utiliza um lápis ou outra ferramenta de desenho e faz uma "fricção" sobre um suporte (papel, tecido) sobreposto em uma superfície texturizada.