29 de dezembro de 2014

Segunda impressão | Projeto Basculante Museu do Homem do Nordeste

Instalação do desenho "Segunda impressão" na entrada do Museu do Homem do Nordeste

O que resta da experiência que acumulamos ao longo do tempo (com lugares e objetos que conhecemos) são marcas, sinais, vestígios, e o desaparecimento dessas instâncias residuais criam lacunas em nosso repertório, imagens que oscilam entre uma vaga lembrança e o absoluto esquecimento

O projeto de intervenção gráfica SEGUNDA IMPRESSÃO – Projeto Basculante acontece como desdobramento de uma pesquisa mais ampla iniciada em 2006, chamada “Arqueologia do presente”, que tem como objetivo trabalhar diversas marcas residuais dos centros urbanos contemporâneos enquanto vivência e fonte de memória.
O interesse gráfico da pesquisa acontece desde a primeira série de trabalhos produzidos, quando objetos de metal ornamentais encontrados em portões, janelas e grades em geral são apropriados na gravura enquanto linguagem particularizada. Com técnicas de carimbo e de frotagge[1] extrai-se cópias desses objetos ornamentais de metal sobre tecido. Estas cópias são feitas ora transferindo a ferrugem destes objetos para tecido, ora revelando uma imagem a partir do depósito de tinta sobre os objetos em contato direto com tecido; mais recentemente, a produção dessas gravuras acontece pela técnica de frottage, com uso de bastão de grafite marcando os altos/baixos relevos das superfícies/matrizes texturizadas.

Dessa forma,  opera-se um tipo de rematerialização (estética) no emprego de materiais encontrados em centros urbanos, conhecendo a cidade de forma diversa de seu caráter meramente usual. Estes objetos são encontrados e selecionados de forma a evidenciar tanto as heranças modernas da arquitetura da cidade, que chama atenção pelo contraste de sua forma heterogênea, onde elementos modernos e contemporâneos convivem com elementos tradicionais de construção (por exemplo, inspirados no neoclassicismo francês).



[1] Técnica gráfica utilizada na arte e na arqueologia como método de captura de imagem. Frottage (do francês "frotter", em português "friccionar") foi um método bastante usado pelos artistas surrealistas, pelo seu aspecto "automático" de produção gráfica. No frottage o artista utiliza um lápis ou outra ferramenta de desenho e faz uma "fricção" sobre um suporte (papel, tecido) sobreposto em uma superfície texturizada.

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