5 de julho de 2015

Arqueologia do presente & Revista Outros Críticos #7

"“Revirar escombros” é uma boa metáfora para inaugurarmos o ano II da revista Outros Críticos, tendo como tema "Ruínas e Cultura". O que realizamos como “crítica” é atravessado por contradições, divergências, rupturas, discursos, defesas, linguagens e modos distintos de usar a palavra. Portanto, estamos sobre e sob os escombros, ora escavando ora escavado. A própria existência de uma revista impressa sobre crítica cultural exige essa dupla ação. Somos nós mesmos ruínas e cultura. Estamos em Pernambuco e é muito importante enxergar os sons ao redor. Escutar já não nos parece mais o bastante. Nesta edição, um “Território movediço das linguagens” é invocado por Jomard Muniz de Britto em seu ensaio sobre as ruínas do pensamento. Espaços culturais, gêneros musicais, sons urbanos e afetivos, e o jornalismo — esse mesmo revirado sobre seus escombros — foram os textos produzidos pela equipe principal da revista em torno do tema. O maestro Spok nos recebe para uma entrevista e é provocado a pensar sobre o frevo e o seu lugar de ruína e tradição. Com ele, empreendemos importante diálogo. Em crítica de boteco, no imenso vazio do Pátio de São Pedro, as várias rotas traçadas pela artista visual convidada Bruna Rafaella Ferrer e pelo jornalista Renato Lins nos puseram também a refletir sobre os escombros revirados por nós mesmos. “a pele dos prédios descama cotidianamente/ e o sol retorcido das pixações faz carinho no lodo.”, nos ilumina o poeta josé juva a perscrutar para além do que é visível.
Boa leitura."




"Artista Convidada
Bruna Rafaella Ferrer é artista visual e pesquisadora. Doutoranda em Design (UFPE), mestre em Artes Visuais (FASM-SP) e licenciada em Artes Plásticas (UFPE). Desde 2006, participa de exposições de artes visuais como artista, como idealizadora e curadora de projetos e coordenadora educativa. Na pesquisa artística dá ênfase a duas frentes de trabalho, uma ligada à linguagem do desenho, no qual investiga a dimensão sensorial formal do desenho dentro da noção de campo ampliado; e outra ligada à proposição de operações artísticas enquanto apropriação das ruínas da vida cotidiana urbana, por meio de exposições, performances, produção acadêmica e outros projetos. Fez parte de alguns coletivos de artistas de Pernambuco, como o branco do olho. Tem experiência na área de cinema e vídeo; com restauração de bens culturais móveis e imóveis; com arte- educação em espaços culturais e como assistente e produtora em galeria comercial de artes. As obras e registros da criação da artista estão presentes, além da capa desta edição, nas seções ensaio, artigo e opinião. Os leitores também podem conhecer um pouco mais sobre Ferrer na seção crítica de boteco, na qual ela debate sobre o tema da ruína em sua produção artística, entre outras abordagens."


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